Tuesday, December 7, 2010

A cruz que leva à grande porta

Lucas 9:23-25 João 10:9
7 de dezembro de 2010

          O ministério de Cristo tem um marco de divisão. É o momento em que os dissípulos reconhecem que ele não é o messias, o libertador, o rei secular que assumiria o trono para fazer face ao domínio romano, mas que ele é o Messias Filho do Deus Vivo. É isso que acontece também hoje quando o pecador nota que o Cristo tão popular do dia de hoje não é apenas um revolucionário, caridoso e profeta, mas o Filho de Deus que tira o pecado do mundo e oferece vida para além dos limites deste mundo. A vida dele se divide no antes e no depois, sendo agora alguém que confessa Jesus como o Filho do Deus Vivo.
          Esta é a prova final do curso de preparação do dissipulado de Cristo. Os dissípulos, representados por Pedro, são aprovados ao confessarem a verdadeira natureza de Cristo. Agora Jesus inicia junto com eles uma nova fase, ou seja, o início de sua caminhada para Jerusalém. Eu diria que eles fizerem o curso teórico ou teológico, e estão agora começando o estágio para a monografia de final de curso.
          É isso que se passa com o pecador arrependido. Na primeira fase ele conhece a Cristo Filho de Deus, salvador, se reconhece pecador e necessitado de salvação, crê e é salvo. Aí então começa sua vida cristã prática. Como na vida dos apóstolos, eles vão encontrar momentos de dúvidas e incertezas em que o Espírito Santo batalhará para redirecioná-los para a trajetória de Cristo, e assim tomar a sua cruz, a cruz da vida cristã.
          Olhando para a agenda de Lucas, vemos que ele omite um episódio importante em sua narrativa que é o diálogo duro de Jesus Cristo com Pedro. Pedro já havia reconhecido nele o Filho de Deus, mas sua cabeça ainda estava fincada nas coisas deste mundo. Ele não tinha conseguido formar uma imagem da glória de Cristo contida no Reino de Deus, bem como não tinha entendido a trajetória que o Mestre deveria percorrer até a descida do Espírito Santo.
          A cabeça de Pedro vai começar a ser iluminada quando Jesus o separa juntamente com Tiago e João e os leva para o monte onde visualizam uma parte do Reino, onde podem notar a presença de Moisés e Elias que têm uma conversa com Cristo.
          A ousadia de Pedro, entretanto, aflora e logo faz uma nova proposta outra vez contrária à trajetória que Cristo havia começado a percorrer, fazer ali uma tenda. Pedro queria antecipar a glorificação e assumir o céu de imediato.
          Às vezes ficamos extasiados com as maravilhas da glória de Deus e desejamos antecipar a glorificação, no nosso tempo, ao invés do tempo de Deus como diz as escrituras. É isso que aconteceu com Pedro.
          Mas Jesus tem que prosseguir. Afasta de mim ... afasta de mim essa idéia maluca, essa idéia enganadora, como Filho de Deus eu tenho coisas maiores do que um simples reino terreno para a humanidade. Eu tenho um Reino que compreende a verdadeira glória de Deus.
          Há muitos crentes que se sentem meio que decepcionados quando precisam entender que o que temos em Cristo é muito mais precioso do que o que podemos alcançar de conforto material aqui. Isso porque são crentes que assimilaram só os milagres de Cristo, mas não assimilaram a sua palavra.
          A palavra de Cristo é da cruz, e não dos milagres. Os milagres mostram o que e quem ele é. A Cruz mostra o que ele fez e o que também nós devemos fazer: trazer todas as coisas que nos prendem e pendurar ali na cruz e carregá-la até à porta da glória.
          Jesus deixa então os dissípulos e dirige-se à multidão e começa a ensinar: se alguém quiser vir comigo, na caminhada da vida cristã, a vida de crente, tem que tomar a sua cruz e seguir-me ... Dali Jesus segue para Jerusalém levando a sua cruz. Em Jerusalém ela se materializa em uma madeira onde ele é pregado.
          A caminhada da cruz de Cristo terminou ali na Grande Porta, a grande porta que separa esta vida do além. E com isso ele abriu caminho para nós trazermos nossa cruz até à porta.