Monday, December 14, 2009

Língua: o fogo da destruição.

Língua: o fogo da destruição.
Pastor Alcenir
Tiago 3:1-12
26 de julho de 2009
Igreja Presbiteriana de Richmond
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Tiago, o Bispo da Igreja de Jerusalém, é um pastor durão
Tiago é um pastor que conhece, sabe o que é a sua igreja. Na igreja de Jerusalém supõe-se que tinha quase 100% de judeus que se tornaram cristãos. Todos tem grande conhecimento das escrituras e das leis.
Thiago sabe disso. Ele é direto, não faz rodeios e nem usa de palavras doces. Ele vai direto ao assunto e confronta.
O uso da palavra com sabedoria vai determinar os resultados do trabalho de um líder. O líder, cujas palavras expressam os fundamentos básicos do povo escolhido de Deus - ser santo e amado, de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência (Col 3:12) – tem o certificado para uma carreira brilhante em qualquer posição.
Eu já dei muitas aulas sobre liderança no contexto da administração. A definição mais simples de líder diz que é aquela pessoa que consegue levar outras pessoas a fazer coisas que ele quer que sejam feitas para trazer resultadoss bons para ele, para a empresa, igreja, repartição pública, e para a própria pessoa que vai fazer.
Há líderes que só conseguem que as pessoas façam as coisas porque são obrigadas, porque se não fizerem vão ter a hora cortada, porque podem perder o emprego, porque não serão promovidas ou por muitas outras razões que ele quer evitar.
Há outros líderes, porém, com quem as pessoas desejam trabalhar por mais que o trabalho seja rude, ou que as atividades sejam desgastantes. Quando reflito sobre um líder ideal, lembro dos versos de um hino que diz “Bem pouco importa eu ir morar / Em alto monte, à beira-mar, / Em casa ou gruta, boa ou ruim, / Com Cristo aí é céu pra mim”. Se substituirmos algumas palavras o hino vai refletir examente esse líder “Bem pouco importa eu trabalhar / Em alto monte, à beira-mar, / Em escritório ou na roça, varrer rua ou coisa assim, / Com esse líder, com Cristo ali, é bom prá mim”.
Aqueles líderes que naturalmente atraem as pessoas para trabalhar com eles têm as características descritas no primeiro parágrafo: são de profunda compaixão, bondade, humildade, mansidão e paciência.
Geralmente a qualidade mais atrativa dele é a maneira de falar, o conteúdo das suas palavras. Quando ele se dirige a quem quer que seja, o poder de suas palavras é tão grande que os que ouvem não têm argumento para dizer não. Mas pelo contrário, ficam felizes de poder ajudá-lo.
Sabem o que dá tanto poder a suas palavras? Elas são compassivas, bondosas, cheias de humildade, transmitidas de maneira mansa, amorosa, carinhosa e agradecida, mas adiciona também a qualidade da paciência, ou seja, a disposíção de ouvir e entender as fraquezas e limitações de seus colaboradores.
O maior retrato desse tipo de líder é Jesus Cristo. Portanto, quando somos avaliados assim, estamos refletindo a imagem de Cristo em nós.
Estou ilustrando esse caráter com o de um líder, mas isso são características de qualquer pessoa. Thiago está escrevendo a todos, não apenas aos líderes.
A palavra é o maior instrumento de relacionamento entre as pessoas. Palavras podem construir ou destruir, dar vida ou matar, dar saúde ou enfermidade, queimar ou sarar as queimaduras, pode transmitir amor ou ódio, pode gerar uma guerra ou promover a paz.
Thiago compara a língua com o fogo por duas razões: primeiro, pela sua abrangência, ou seja, pela distância que pode atingir. Usando a idéia de guerra, diz-se que a língua é comparada com uma flecha. A mão pode atingir alguém em distância pouco maior que um metro, mas a língua atinge a distância de uma flecha.
Segundo, a língua é incontrolável. Os moradores da Califórnia sabem o que é perder o controle do fogo, devido ao vento que sopra em suas montanhas. Em poucos instantes, o fogo se espalha e ninguém mais consegue controlá-lo. Assim é a língua. Uma informação duvidosa sobre uma pessoa, se escapar ao público, rapidamente se perde o controle e a vida da pessoa é destruída. Isto é o que Tiago está dizendo: “Vede que uma fagulha põe em brasas tão grande selva”.

Mestres
Tiago tem também um endereço certo. Sei que há professores aqui. Professores, vocês sabem a responsabilidades de vocês com relação ao uso da palavra, pois alunos seus podem sofrer o efeito danoso de uma palavra sua pela vida todo. Assim como o de pastoreio, o de ensino é dom de Deus para edificação de sua igreja. Tiago aponta o perigo de tomar esse encargo sobre si mesmo. O mestre molda as mentes imaturas para o bem ou para o mal. Aqui o aviso é particularmente a respeito da censura e da malícia. Maior Juízo esperam aqueles que se exaltam como guias, mas não seguem o Caminho e obrigam outros a trilhá-lo. Como exemplo de humildade, Tiago inclui a si mesmo entre os mestres que falham.

Nós mestres também tropeçamos
Tiago se inclui entre aqueles que desejam ou estão sujeitos a ser ensinadores, se tornarem mestres.
Se alguém é capaz de não cometer erros ao falar, é também capaz de evitar que todo o corpo cometa erros.
Tendemos a interpretar esse verso de maneira complexa. Tiago tenta deixar claro aqui que a natureza humana nos induz a cometer erros. Muitos se orgulham de ser capazes de conter a língua. Ele acha isso muito difícil, pois a língua é tão difícil de conter quanto o resto do corpo. E que a língua contamina todo o corpo.
Ele está exortando a sua igreja a buscar a perfeição, a santificação, e está chamando atenção particularmente para o problema da língua.
Aqui ele está se referindo especificamente:
às conversas livres,
ao bate-papo,
· onde a fofoca rola solta,
· onde uns acusam os outros,
· onde são lançadas verdades infundadas que podem manchar injustamente a imagem dos outros,
· onde pela crítica muitos dizem meias verdades sobre os outros, e isto vai levar alguém a mudar de idéia sobre o que acham dos outros.
Tudo isso acontece e é muito ruim, destrói a comunhão na nossa comunidade, cria inimizades, desconfianças e precisa ser tratado.
Mas ele está falando principalmente:
· para aqueles que ensinam;
· para aqueles que exercem influência sobre os outros;
· para aqueles que têm mais instrução e podem ensinar;
· para aqueles que estão em funções de liderança;
· para aqueles que lideram um ministério qualquer;
· para aqueles que pastoreiam.
Essas pessoas com funções na igreja têm poder de influenciar os demais através da palavra. Por isso eles estão sujeitos a provocar estragos desastrosos na vida da igreja,
· porque suas palavras não são questionadas,
· porque suas palavras são aceitas como verdades absolutas
· porque suas palavras formam opinião na cabeça das pessoas.
· Porque suas palavras são tidas como vindo de alguém que tem uma unção, autoridade espiritual.
Recentemente, alguns membros e líderes de nossa igreja deixaram de vir ao culto e foram ouvir certo pregador famoso. Alguns ficaram indignados com o que ele falou e com o que ele fez. Ele falou muitas coisas que um líder crente não pode falar em público porque ofende as pessoas e forma opinião.
Tomo a liberdade de dizer que um certo líder que lá esteve desabafou dizendo: isto serve de lição para eu não deixar o culto da minha igreja para ir ver pregadores famosos que eu não conheço direito.
Um líder que não refreia a língua, que não é capaz de manter a confidencialidade, que não é capaz de manter para si o julgamento que faz das outras pessoas, que põe etiquetas nas pessoas por classe – os mais inteligentes, os mais graduados, os que se vestem mal, os preguiçosos, os esforçados, etc. Esse líder é capaz de fazer estragos catastróficos.
Aos líderes, principalmente aqueles que estão assumindo posição de liderança na igreja pela primeira vez, eu quero dar um conselho. Sejam sábios no uso da língua, pois sempre que emitirem uma opinião alguém vai ser moldado por ela.
Por isso, sempre que estiverem diante de uma situação difícil de lidar, que suas palavras foram malentendidas, ou que podem ser malentendidas ... tragam o assunto para o pastor, para que juntos possam tratar da questão.
Mas antes de tudo submetam à ação do Espírito Santo para que ele lhes dê sabedoria no trato com os irmãos.

Língua, mal incontido, veneno mortífero
Nos versos 3 a 7 – Tiago compara o freio e o cavalo, o leme e navio, o fogo e a floresta com a língua e o corpo – coisas tão pequenas como o freio, o leme e o fogo, mas capazes exercer efeitos enormes. Da mesma forma a língua funciona – órgão mínimo em relação ao corpo, mas capaz de afetar a todos os outros, e até a alma. Se dominamos a língua, também dominamos o corpo.
Ele diz que o homem consegue domar todas as criaturas da terra, mas não a língua.
Olhe nessa colocação de Tiago: a língua é mal incontido, é mal carregado de veneno mortífero. Portanto, devemos tratá-la com zelo e cuidado para não sermos invenenados e envenenar os outros.
Um orgão pequeno que tem poder sobre todos os demais.

Com a língua bendizemos e amaldiçoamos (9 e 10)
Essa é a grande e maléfica ironia: adoramos a Deus e atacamos as pessoas ao mesmo tempo com nossa língua.
Tiago fica indignado porque o homem é a imagem e semalhança de Deus. Atacar o próximo é como se atacássemos o próprio Deus.

Com a mesma boca ... (vv 11 e 12)
Com a mesma boca que consegue:
· Abençoar e amaldiçoar;
· Cantar hinos de louvores e cânticos de conteúdo moral discutível;
· Falar palavras de amor e de ódio;
· Condenar e perdoar;
· Falar bem e falar mal;
· Falar das coisas de Deus e anedotas obscenas e torpes.
No verso 10 ele dá a sentença: Não é conveniente que sejam assim.

Conclusão:
Há muitos crentes que têm duas personalidades: a de cidadão do Reino de Deus e a de cidadão do reinoo mundo. Na igreja ou quando estão com outros crentes são santos. Quando estão indo pela vida afora são do mundo. Ninguém consegue perceber características de crente neles.
Todos nós temos a natureza humana, como Tiago deixa muito claro, que pesa em nós e nos leva a pecar. Mas a palavra de Deus diz que “... se pecarmos, ele é fiel e justo para nos perdoar”. Nós pecamos, mas reconhecemos o nosso erro, e não nos sentimos confortáveis com isso, confessamos e Deus nos perdoa.
Entretanto, irmãos, há aqueles crentes para os quais certas coisas são muito normais.
Já contei em sermão a ilustração de “um pastor que foi pela primeira vez conhecer o gerente do banco de sua pequena cidade. O gerente o recebeu muito bem e foi logo oferecendo um cafezinho e o convidou para conhecer o Zé, um cara muito legal, muito divertido que conta umas piadas pornográficas que ninguém consegue ficar sem rir. Foi apresentado ao Zé, ele era um dos presbíteros da sua igreja”.
Aqui está como ilustração, mas a realidade da vida não é diferente disso. Há até pastores que trocam e-mails de piadas pornográficas.
Estive em um treinamento para se previnir de ser respingado por problemas de abuso de menores em comunidades. A pastora citou uma estatística triste de que 30% dos pastores estão envolvidos com pornografia, ou consulta pornografia, na internet regularmente.
Mas não é só isto. O pastor meu chefe disse que esteve conversando com um pesquisador que constatou que 90% dos homens já estiveram ou estão envolvidos com pornografia na internet ou de qualquer outra forma.
A mesma língua que pregava a palavra na igreja, pregava as piadas sujas no trabalho, diz a ilustração.
Efésios 2:10 diz “pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparaou para que andássemos nela”. A tradução em inglês NRSV que diz “... para ser o nosso estilo de vida”.
1 Coríntios 5:1 “Geralmente se ouve que há entre vós imoralidade, e imoralidade que nem mesmo entre os gentios se vê, a ponto de haver quem vive com a mulher de seu pai.” e 5:11 “Mas agora vos escrevo que não vos comuniqueis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem sequer comais”.
Para meditação tanto dos líderes que estão assumindo funções na igreja, os que já são líderes, e também todos nós crentes em Cristo eu deixo os seguinte texto de Efésios 4:1-6
“...vivam de maneira digna da vocação a que foram chamados. Sejam completamente humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando-vos uns aos outros com amor. Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por meio de todos e em todos.”
Esse é o perfil do crente e, principalmente, daqueles que foram chamados para liderar na igreja. Nós fomos chamados para ser benção na vida da igreja.
Para sermos completamente benção temos que ter controle de nossa língua.
Eu quero encerrar convidando todos vocês para recitar Sl 19:14 comigo“que as palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, rocha minha e redentor meu!
AMÉM.

Diga-me o que semeas ...

Diga-me o que semeas ...
Pr. Alcenir Oliveira
20 de novembro de 2009
Igreja Presbiteriana de Richmond
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A Parábola do Semeador
(Mc 4.1-20; Lc 8.1-15)
1 Naquele mesmo dia Jesus saiu de casa e assentou-se à beira-mar. 2 Reuniu-se ao seu redor uma multidão tão grande que, por isso, ele entrou num barco e assentou-se. Ao povo reunido na praia 3 Jesus falou muitas coisas por parábolas, dizendo: “O semeador saiu a semear. 4 Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho, e as aves vieram e a comeram. 5 Parte dela caiu em terreno pedregoso, onde não havia muita terra; e logo brotou, porque a terra não era profunda. 6 Mas quando saiu o sol, as plantas se queimaram e secaram, porque não tinham raiz. 7 Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram e sufocaram as plantas. 8 Outra ainda caiu em boa terra, deu boa colheita, a cem, sessenta e trinta por um. 9 Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!”
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18 “Portanto, ouçam o que significa a parábola do semeador: 19 Quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a entende, o Maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração. Este é o que foi semeado à beira do caminho. 20 Quanto ao que foi semeado em terreno pedregoso, este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. 21 Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo a abandona. 22 Quanto ao que foi semeado entre os espinhos, este é aquele que ouve a palavra, mas a preocupação desta vida e o engano das riquezas a sufocam, tornando-a infrutífera. 23 E, finalmente, o que foi semeado em boa terra: este é aquele que ouve a palavra e a entende, e dá uma colheita de cem, sessenta e trinta por um”.




Introdução

A agricultura é uma das atividades mais nobres e preciosas da humanidade, pois é dessa atividade que vem a maior parte dos alimentos de todo o planeta. Há três coisas básicas sem as quais a humanidade não sobrevive jamais. A primeira e mais imediata é o ar. Se o ar é retirado dos seres vivos em meia hora não haverá mais vida na terra, exceto os peixes. A segunda é a água; se acabar a água não duramos mais do que três dias. A terceira é a alimentação. Se as fontes de proteínas, vitaminas e carboidrados forem eliminadas, também não existiremos.
Jesus Cristo usou metáforas, ou comparações, dos seus ensinamentos, da palavra, com as coisas essenciais da vida e com o processo, a utilidade e os resultados delas. Jesus falou da água, do pão, da vinha, da luz, da verdade, do caminho, da vida no campo, dos trabalhadores.
Aqui Jesus convida sua audiência para dar um passeio pelo campo. Quem aqui já viveu ou passou algum tempo no campo, na fazenda, no sítio, na granja ou na chácara tem uma noção de como é o processo, como as coisas acontecem no campo. Quando somos camponezes, ou lavradores, ficamos tão acostumados com a naturalidade com que os fenômenos acontecem que eles deixam de ter as características de milagre de Deus e passam a ser algo tão normal e rotineiro que quando fogem da normalidade, ficamos irritados e inconformados.
Os agricultores sabem quais os tipos de terra, a quantidade de água necessária, e em que estação do ano as plantações exigem. Por exemplo, arroz exige um terreno constantemente molhado e muito fértil. Já o milho exige grande humidade de solo quando é plantado, durante as primeiras semanas e no período do pendão e espigamento.
Tudo isto são grandes milagres de Deus.
O que Jesus ensina aqui é muito comum no campo.
1. As trilhas de terra batida
As roças na palestina eram feitas em leiras como as de café, para quem conhece. Entre uma leira e a outra tinha uma trilha. O piso fica batido e duro, as sementes que caiam não tinham como brotar e ficavam expostas aos pássaros e formigas.

Há pessoas que são como o piso batido, onde a semente da palavra cai mas provoca nenhum efeito. Isto pode acontecer por duas razões: o orgulho e por medo. A palavra, ao produzir o efeito que promete, vai derrubá-lo da posição social, da evidência no grupo de amigos, vai criar nele um rótulo desagradável. Às vezes um caráter imoral ou um estilo de vida pode fechar a mente da pessoa para aceitar a palavra. A verdade expõe de coisas erradas que ele faz ou de coisas boas que ele não faz.
Esse é o terreno batido, a camada impenetrável que não permite que a semente receba nutrientes e umidade para brotar, até que os agentes da natureza surgem para dar-lhe um fim.
2. O Terreno Rochoso
Dizem que o que Jesus se referia não era exatamente pedra, mas uma camada de terra fértil em cima de uma pedra. As raizes não encontram profundidade, tocam a pedra e morrem.
Essas são aquelas pessoas deslumbradas com as coisas bonitas, da moda e do sucesso momentâneo. Ficam extasiadas com a beleza superficial, com as emoções e excitações do momento. Até que breve começa a perceber que aquelas grandes emoções passaram, o fogo do momento se reduziu a algumas centelhas, a fogueira virou uma pequena braza. Tornam-se então campo preparado para novas sementes que virão.
Essas são pessoas que não crescem. São pessoas que ouvem a palavra e não procuram entender seu verdadeiro conteúdo, sua verdadeira proposta, passam por ela e abandonam sem assimilar a sua benção.
Ouvi um locutor de rádio esta semana dizendo que levantou a mão para aceitar Jesus umas oito vezes, até entener realmente o significado do que estava fazendo e tornar-se um crente verdadeiro.
Existem pessoas que começam em uma igreja como muito entusiasmo, mas crentes de outras igrejas estão sempre dizendo que a benção está na igreja deles até que ele resolve ir para onde acha que a benção está. E assim ele faz constantemente, pois só tem uma fina camada de terreno fértil em cima de uma rocha em que a raiz da palavra não consegue penetrar.

3. Os Espinhos.
Há pessoas ouvem a palavra, mas há tantas coisas indispensáveis e importantes na vida que não sobre tempo para orar, para ler e meditar na palavra. Além de não poder perder de vista as oportunidades de aumentar sempre mais a renda.
Há pessoas que se tornam escravas da geração de renda. No tempo que sobra para o culto, não conseguem acompanhar e meditar na palavra porque estão sonolentas.
Um certo pregador ao investigar a razão pela qual uma senhora dormia durante o sermão, descobriu estes eram os únicos momentos em que verdadeiramente sentia paz, a paz que a palavra está transmitido ao coração pessoa, e ao ser arrebatada pela paz contida na palavra vem o relachamento e o sono.
Há uma inversão de valores. Os espinhos significam ter que desistir de algumas coisas que não têm grande valor para a vida mas que dão muito prazer, diversão ou alegria momentâneos, e que a pessoa não está disposta a colocá-los em segundo lugar.
4. A boa terra.
Aquele que ouve a palavra e a entende. Aquele que está disposto a deixar o Esp~írito Santo trabalhar o sentido, o conteúdo, a mensagem da palavra na vida dele. Aquele que sente prazer em ler, ouvir, entender e viver pela Palavra.
Está desprovido de obstáculos. As portas estão abertas para experimentar as verdades eternas. Há um desejo de descobrir Deus, de encontrar Deus. É essa atitude de boa terra associada à semente do evangelho que forma o verdadeiro cidadão do Reino dos céus. Não é por força, nem por imposição.
5. Conclusão: Diga me que terreno é você ...
Você já refletiu onde você se situa, o que você está fazendo com a palavra, ela está sendo comida de pássaros, ou germina e as raízes esbarram em solo rochoso e a planta morre, ou o terreno do seu coração é fértil mas há um verdadeira roça de espinhos na sua lavoura que não permite que a boa semente depois de germinada cresça e dê frutos.
Ou você é uma boa terra disposta a deixar a palavra de Deus germinar, crescer dar frutos e se tornar semente outras, quando então você deixa de ser terreno para ser agricultor, semeador, aquele que vai lançar as sementes da palavra do Reino de Deus em outros solos?
6. Diga-me o que semeias ...
Nós estamos sempre comunicando ou semeando alguma coisa, mesmo quando estamos em silêncio. Em silêncio podemos estar dizendo que não temos nada a dizer, que estamos deixando Deus ou as obras da criação falar conosco, que estamos refletindo sobre a vida, ou sobre o que temos a fazer ou a dizer.
As nossa atitude é o que semeamos todos os dias. Entretanto, nossa atitude foi formada um dia por uma semente que caiu em nós como solo fértil e então germinou e nos transformou. Essa é a semente da palavra de Deus que, encontrando solo fértil no nosso coração germina, cresce e produz frutos para o Reino de Deus, para a vida eterna.
Aquele que recebeu a semente como a superfície batida do caminho, como se fosse uma driveway ou asfalto, e lá ficou para os pássaros, com certeza não sabe qual o seu conteúdo e está semeando outros reinos, coisas da vida.
Aquele que recebeu a semente como o terreno pedregoso, conhece o conteúdo da palavra, mas não teve forças para guardá-la no coração, ela já morreu para ele. O que está semeando também não são palavras de vida eterna, são os últimos video-games, os últimos campeonatos de futebol, as últimas modas, as últimas músicas pop, a palavra de Deus e o seu estudo tornou-se “boring”.
Aquele que recebeu a semente como em meio a espinhos também conheceu a verdade, sabe o conteúdo da palavra, mas tem uma bagagem muito grande de outras coisas importantes na vida e é isto que está semeando.
Aquele que recebeu a semente como em terreno fértil está semeando a verdade, a paz, a salvação, a esperança, a fé, a graça, a misericórdia de Deus. O terreno fértil deixa o Espírito Santo de Deus trabalhar e fazer germinar a semente de produzir frutos para o Reino de Deus. E então esta combinação de semente com solo fértil vai gerar não apenas muitos frutos, mas também um novo semeador.
Diga-me o que semeias ...
Em um funeral um senhor assiste contrito e respeito a cerimônia, e ao final joga uma flor na sepultura e sai. Alguém próximo da família o aborda, dizendo não lembramos do senhor dentre os relacionamentos dele. Então ele diz que há muitos anos, no perído de juvenil e adolescente na igreja ele tinha sido seu professor de escola dominical. “Eu tinha um comportamento insuportável, mas ele tinha paciência comigo, e foi me moldando até que passei a ser um grande admirador do caráter, da amizade e do desejo de servir-nos e nos ver formados homens de bem. Mudei completamente, tive uma vida de sucesso e soube de sua doença e não pude visitá-lo. Mas quando soube que faleceu não podia deixar de prestar as últimas homenagens àquele que foi a inspiração para uma vida bem sucedida”. Ao virar o parente viu um símbolo de brigadeiro no seu uniforme cerimonial de militar, a mais alta patente da aeronáutica.
Às vezes semeamos e achamos que as sementes foram comidas pelos pássaros, germinou sobre pedras ou foi sufocada por espinhos. Certamente, isso acontece com maior parte do que semeamos, mas sempre uma ou outra semente vai cair em terra fértil e gerar frutos para a vida aqui ou para a vida eterna.
O que você está semeando ...

O coração perdoador

O coração perdoador
Mateus 18:21-22
Pr. Alcenir
21 de novembro de 2009

1. Relacionamento entre os cristãos
O capitulo 18 de Mateus lida com as qualidades que deveriam caracterizar o relacionamento pessoal entre os cristãos.
Em primeiro lugar, a qualidade discutida aqui é da humildade (vv 1-4). Devemos ser como crianças. Humildade é uma das grandes dificuldades entre as pessoas em geral, e se deve esperar isso das pessoas que não foram alcançadas pelo amor de Cristo. Entretanto, aqui o texto está tratando da igreja. Jesus Cristo está confrontando aqueles que representam a igreja da época e que virão a ser sua igreja.
A igreja sofre muito quando começa a se evidenciar entre os irmãos muita ambição pessoal, muita preocupação com prestígio pessoal, muita preocupação com publicidade pessoal, até mesmo com o levar vantagem em tudo da famosa “lei de Gerson”. Um certo pregador diz que entre os crentes não há lugar para esses motivos, e que eles devem estar acima do eu, do orgulho, do egísmo em sua devoção a Cristo e no serviço ao próximo.
Em segundo lugar, é apresentada a qualidade da responsabilidade (5-7). Ele quer dizer que uma das piores coisas é alguém se tornar pedra de tropeço na vida dos outros. O Apóstolo Paulo trata também dessa questão em I Cor 5:5. Nós não ensinamos apenas com palavras, mas também com nosso exemplo, como aprendemos com Fracisco de Assis que disse para pregarmos o amor de Cristo sempre e, se for necessário, usar palavras. Ele entendia que a pregação era muito mais exemplo do que discurso. Assim, a tônica do ensino de Paulo e do Capítulo 18 é de que nós temos a responsabilidade de não ser motivo para o pecado dos outros. Assim, Paulo aconselha que aquele que peca e não se arrepende deve ser afastado da comunhão, pois o pecado de uma maneira ou de outra vai manchar a comunidade, como o fermento afeta a massa e o como sal se dilui na água.
Em terceiro lugar, é apresentada a auto-renúncia (8-10) – Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti. Essa mão e esse pé são figurativos, representam aqueles pecados que as pessoas não abrem mão, alguns pregadores chamam isso de “pecados de estimação”. Pessoas assim ficam marcadas na comunidade. O crente é como um atleta que não mede esforços para estar preparado para competir. É como o estudante que se abstém das coisas chamativas da vida para conseguir bons resultados.
Em quarto lugar, nos versos 11 e 14 o exemplo do pastor e a ovelha perdida são a atitude do crente com relação aos outros irmãos. Deus veio em busca de nós e cuida de nós, nós devemos manifestar a mesma atitude de carinho, de cuidado, de apreço uns pelos outros. Tiago 5:13-16 alerta a igreja com relação ao cuidado uns pelos outros em oração.
Em quinto lugar, Ele ensina sobre a disciplina (15-20). No nosso amor e cuidado uns pelos outros de maneira nenhuma podemos permitir que aqueles que estão se envolvendo em problemas, estão em pecado, sejam permitidos continuar fazendo as coisas da maneira como eles acham que deve. Está a ação mais difícil de ser ministrada pelos crentes, pois é necessário que seja feita exclusivamente em humildade e amor. Nunca, repito nunca, deve haver condenação baseada no princípio da retidão pessoal. É sempre necessário, a palavra de Deus deixa claro, ser administrada a disciplina e admoestação com o desejo e a esperança de de que haja reconciliação, arrependimento, e nunca de vingança e punição.
O sexto lugar é a qualidade da comunhão (19-20). Esta é uma das grandes características da igreja de Cristo, estar juntos, celebrar juntos, compartilhar as coisas boas e as difíceis, orar juntos. Alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram. Individualismo é o oposto de cristianismo.
Finalmente, em sétimo lugar, é a qualidade do perdão. Jesus Cristo foi o exemplo máximo do perdão – o amor é tônica do perdão. Jesus ensina a amarmos os próprios inimigos, muito mais aqueles que já são membros da família de Deus.
2. Quantas vezes devo perdoar
Poderiamos dizer que Jesus Cristo está nesse texto dizendo que o crente, o salvo, o cidadão do Reino dos Céus, o membro da família de Deus, os filhos de Deus têm coração perdoador.
Quantas vezes devemos perdoar, pergunta Pedro. O dia tem 24 horas, das quais 8 são reservadas para dormir, restando 16 horas. Isto significa que deveriamos perdoar uma vez a cada dois minutos e ainda faltaria dez perdões no dia.
Já ouvi muitos argumentos sobre porque Jesus Cristo dá uma resposta com tamanho exagero para Pedro. Entretanto, isto simplesmente quer dizer que toda vez que um irmão pecar contra nós devemos perdoá-lo.
3. As verdades sobre o ensino do perdão
Há, porém, muitas verdades e ensinamentos de Jesus Cristo subentendidos nessas palavras. A primeira consideração que o texto de Mateus 18 requer é sobre o porquê desse ensino de Jesus Cristo. O ministério de Jesus Cristo foi basicamente de perdão, mas acima de tudo o perdão de graça. Nada é necessário fazer para se receber o perdão dos pecados para a salvação senão declarar que nós desejamos o perdão. O perdão de Jesus Cristo é um produto do amor, da misericórdia de Deus, da compaixão de Deus, conforme declara o Evangelho de João 3:16.
A segunda verdade que muitos mestres e pregadores não se referem é de que a linha básica do ensino é que o pecado, ou ofensa, acontece dentro da igreja. Aqui o Evangelho de Mateus está referindo-se à “Ecklésia”. O texto não está, especificamente aqui, tratando das ofensas em geral contra os membros da igreja, contra os crentes, mas as ofensas que os irmãos costumam cometer contra outros irmãos. Aqui trata-se de pessoas que conheceram a palavra, que amaram a palavra, que receberam o perdão dos pecados para salvação, que fazem parte da família de Deus, são membros da comunidade da Nova Aliança.
Jesus Cristo está dizendo para Pedro que entre os irmãos não tem esse negócio de diz-que-me-disse, que o irmão falou e eu magoei, que o irmão esqueceu de falar e eu magoei, que o irmão pisou no meu calo e doeu, que o irmão se comportou de alguma forma que me ofendeu e eu vou tirar satisfação, que por isso eu não falo mais com o irmão, não visito mais o irmão, não ando mais com ele, se ele sentar no mesmo banco que eu sentar eu mudo de lugar. Jesus Cristo está dizendo para Pedro que a doênça precisa ser tratada, que a ferida precisa ser curada, que os relacionamentos quebrados por causa de malentendidos precisam ser reatados, que …
A terceira verdade contida no texto é de que a pessoa que ofendeu precisa reconhecer a ofensa e pedir o perdão. O perdão será dispensado a quem admite que errou e que ofendeu a outra pessoa. A Palavra de Deus diz que para ser salvo o pecador precisa, em primeiro lugar, reconhecer-se pecador. Há uma pergunta que sempre é levantada quando o incrédulo é confrontado e dizemos que Jesus Cristo o quer perdoar. A resposta imediata é perdoar de que, se eu não fiz nada de errado. Em segundo lugar o pecador precisa pedir perdão pelos seus pecados.
Quando todas essas fases do processo são realizadas, o perdão é ministrado. A atitude de Jesus é de um coração pedoador. Essa deve ser também a nossa atitude. Essa atitude é de um coração carregado de amor e não de mágoa, um coração que ama apesar dos defeitos do outro, um coração pronto a perdoar mesmo que o outro não reconheça e não peça o perdão, um coração que perdoa 490 vezes em um só dia.
É necessário notar que o texto diz que a pessoa que se sentiu ofendida deve chamar a que ofendeu e trazê-la ao arrependimento e oferecer-lhe o perdão. Arrepender significa reconhecer que errou e tomar uma atitude contrária. Quando reconhecemos que erramos, já estamos conseqüentemente desejando o perdão. Entretanto, se não funcionar, devemos trazer uma ou duas testemunhas; se, ainda assim, não funcionar levá-lo à comunidade para discutir o assunto; se não funcionar, ele deverá ser considerado não merecedor dos privilégios dos membros da comunidade que o Evangelho de Mateus chama de igreja. Em nenhum momento é mencionado que o caráter perdoador do crente encerra aqui. O caráter do crente é o caráter de Cristo, aberto ao perdão.
O apóstolo Paulo em I Coríntios 5:5 diz que o irmão que está em pecado deve ser exortado ao arrependimento e ao perdão. Entretanto, se todos os recursos forem esgotados, ele deverá ser afastado da comunidade dos santos para que Satanás o destrua, mas que no final ele seja salvo. Paulo demonstra aqui a esperança que aquele que uma vez foi recebido por Cristo e cai em pecado, se afasta da comunidade da graça, será triturado e destruído por causa do pecado, mas o seu espírito será salvo.
A carne que Paulo diz que será destruída é a representação figurada da situação espiritual da pessoa, o comportamento carnal.
Paulo está, na realidade, demonstrando aqui a atitude do seu coração de Apóstolo. Ele crê que mais tarde aquele crente pecador, como o moço da parábolo do filho pródigo, vai cair em si ao reconhecer que o pecado o levou a literalmente “comer o pão que o inimigo amassou”. Isto é a comida de porcos que são considerados impuros para a mesa do povo de Deus. Depois de triturado ele vai lembrar e reconhecer que o pecado o fez perder a dignidade e assim tornar-se campo fértil para a ação do Espírito Santo e ser trazido de volta à comunidade dos santos.
4. Aquele que é digno do perdão de Deus
O crente cujo coração não é perdoador não é digno do perdão que recebeu de Deus em Jesus Cristo, se iguala com aquele que pecou, como apontado na parábola do administrador infiél.
Nós somos tentados a entender que a lei deve ser aplicada a qualquer custo. Legalismo só causa ainda mais problemas. Apenas um clima de oração, de amor cristão e comunhão cristã é capaz reatar relacionamentos quebrados.
Os gentios e publicanos são considerados por Jesus como pessoas para as quais também há perdão. A mensagem que Jesus Cristo deixa aqui é de que até os corações mais duros nãos são capazes de resistir quando são tratados com amor.
Jesus não perdeu a esperança em nós, da mesma forma não devemos perder a esperança nos nossos irmãos, pois a graça é irresistível e o amor cristão é inifinito, sem limites.